Rubens Amador

O entregador de jornais

Por Rubens Amador
Jornalista


Na sociedade moderna em que vivemos, há um homem modesto, anônimo, trabalhador, cumpridor e valente, que é o entregador de jornais. Ele é um servidor igual ao trabalhador da grande cidade: pois cedo, muito cedo - inverno ou verão - tem de estar tomando seu café e se vestindo porque centenas de pessoas ávidas por notícias esperam por ele.

Os que recebem o seu jornal na placidez de seu lar pela manhã, como eu, por exemplo, devemos dar muito valor a esse homem que vem à frente de nossa casa todos os dias e nos traz o exemplar preferido. Lamento não poder falar com ele e dizer-lhe pessoalmente o quanto lhe sou grato por me trazer aquelas notícias e artigos pelos quais anseio todos os dias, como viciado em jornal que sou.

Referi acima uma série de virtudes. Vamos dissecá-las. É um madrugador. Fisicamente disposto, ergue-se do leito ainda escuro para desempenhar a missão que abraçou. Anônimo, porquanto a gente nunca o vê e porque ele nos presta um serviço maravilhoso e some, passando logo para outro que o está esperando pela manhã e por quem ele também não verá nem será visto. Cumpridor, porque muitas vezes indisposto ou com dor de cabeça - fragilidades humanas de todos nós - lá vai ele cumprir a sua tarefa por horas a fio como se nada sentisse. Valente, porque na escuridão da manhã _ quando começa seu turno - lá está ele, carregando seu pesado fardo de ansiados jornais, arriscando-se muitas vezes, talvez contando só com o seu protetor espiritual, mas valentemente chegando às casas no silêncio das ruas, sujeitando-se aos maus.

Salve o entregador de jornais, que enfrenta madrugadas frígidas, chuvas copiosas ou calor intenso. Mas, como um escoteiro, cumpre com a dura tarefa com que ganha sua vida. Com este modesto artigo desejo homenagear a todos os entregadores de jornal, esses pombos-correios diários, carteiros sem fardamento.

Oxalá os políticos fossem tão fiscalizados quanto eles. Pois basta que um jornal não chegue em determinado dia (pode até ter sido roubado), para o assinante na primeira hora do dia reclamar o seu exemplar para a recepção. A vocês, maus, que perderam já o respeito até pela polícia, respeitem esses trabalhadores, fáceis de identificar: sempre carregando uma pilha enorme de jornais. Eles não estão recebendo nada, e não trazem dinheiro. Respeitem a estes homens modestos, mas que merecem serem reconhecidos até por quem está fora da lei. A parte da sociedade, aquela que lê, pensa e sabe reconhecer o trabalho alheio, o respeita e admira.

Parabéns, senhores entregadores de jornal. Sei que é muito pouco, mas contem com a minha admiração e respeito. Vou lembrar-me de vocês no Natal, enviando ao Jornal um envelope, apenas dizendo: "Ao meu entregador do Diário Popular!".​

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